texto tirado e adaptado de
http://www.naturlink.pt/canais/Artigo.asp?iArtigo=11152&i
Canal=1&iSubCanal=9752&iLingua=1
Evolução histórica da industria corticeira
As
referências históricas à cortiça como produto
de exportação para o Reino Unido e para a Flandres remontam
ao século XIV. Durante este período, os povoamentos de sobreiro
foram alvo de
leis que proibiam o seu corte e restringiam a
sua exploração,
o que, no entanto, não impediu a redução drástica da área
ocupada pela espécie no nosso País. No século
XVIII, o aparecimento, em Portugal, da rolha de cortiça para o engarrafamento de
vinhos e a publicação do primeiro compêndio de
subericultura contribuíram para a valorização dos
montados de sobro e
da cortiça.
A indústria rolheira em
Portugal surgiu em meados do século
XIX, especialmente no Sul do País. Após a 1ª Guerra Mundial,
assistiu-se a um grande desenvolvimento da indústria corticeira, com
um incremento que
chegou aos 10.000 operários por volta de 1930, o
que contribuiu para que Portugal assegurasse a liderança da
produção
mundial de cortiça. O processo de transformação industrial
da cortiça ocorria essencialmente no estrangeiro, em países
como os E.U.A..
Actualmente, o nosso País mantém a liderança na produção de cortiça, apresentando uma produção média anual de cerca de 185 mil toneladas, que corresponde a 54% do total mundial, seguido da Espanha com 88 mil toneladas (26%) e da Itália com 20 mil (6%). Portugal detém ainda a maior capacidade industrial e empresarial do mundo para a transformação da cortiça e exportação dos produtos derivados já transformados. O nosso País transforma cerca de 70% da produção mundial, incluindo uma percentagem substancial de cortiça originária de Espanha. A transformação média anual de cortiça ronda as 150 mil toneladas, das quais se exportam cerca de 120 mil toneladas.
Organização actual do sector industrial corticeiro
O desenvolvimento da indústria transformadora de cortiça em
Portugal teve lugar em Silves, Évora e Azambuja, e posteriormente
no distrito de Setúbal e de Aveiro onde se fixou especialmente a indústria
rolheira. Este último distrito é o que apresenta actualmente
maior número de trabalhadores no sector, cerca de 11 mil, que constituem
73,33% dos 15 mil trabalhadores do sector a nível nacional, seguido
de Setúbal (com 2.722 trabalhadores), Faro (com 546) e Évora
(com 275). Os trabalhadores da indústria corticeira correspondem a
25% do volume total de emprego no sector florestal.
O processamento industrial da cortiça está dividido em 4 sub-sectores
(preparador, transformador, granulador e aglomerador)
que comportam cerca
de 1.100 estabelecimentos fabris distribuídos
por todo o país.
Utilizações e aplicações da cortiça
Desde
a sua origem, a indústria da cortiça está associada à comercialização
de vinhos, o que justifica que a rolha (actividade transformadora) seja a
principal produção do sector (com cerca de 61% dos produtos
fabricados). Ressalta-se
ainda que cerca de 80% da cortiça produzida
mundialmente é transformada na Península Ibérica, cabendo mais
de 50% a Portugal.
Os produtos derivados da cortiça têm várias utilizações
e destinam-se, na sua grande maioria, aos mercados externos: registam-se
volumes de exportação da ordem dos 90%, dos quais 75% são referentes às
rolhas. A exportação destes produtos corresponde
a cerca de 3% do total das exportações nacionais. Os principais
mercados de exportação são a França, Alemanha,
Espanha, Itália, Reino Unido, e mais recentemente, Austrália, África
do Sul, que são grandes produtores de vinhos de qualidade.
Consumir produtos de cortiça assegura a preservação de
um importante ecossistema e contribui para o fomento da
indústria
nacional.
Alexandra Fonseca Marques (alexmarques@isa.utl.pt)